RELIGIOSIDADE (Ensaio)

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Recebi esta Prancha a qual passo a dividir com os Iirm.'.

RELIGIOSIDADE (Ensaio)

 

 

“Saibamos ver e ouvir tudo, examinando e analisando, para depois aproveitar o que verdadeiramente é bom” (Apóstolo Paulo ).

A Maçonaria não é uma religião, nem um substitutivo da religião. Aquele que dela faz uma crença religiosa a falseia e a desnatura. A Maçonaria, porém, ensina e conserva em toda a sua pureza os princípios fundamentais da velha fé primitiva, que são as bases sobre as quais se apóia toda religião. A Maçonaria não sendo de nenhuma religião, encontra em todas as religiões as suas grandes verdades.

Vamos deixar uma coisa muito clara: tornar-se Maçom, isto é, membro da Maçonaria, não exige o abandono da própria religião. Muita gente não sabe separar a pessoa, o ser humano, de suas idéias. É preciso respeitar e amar a pessoa, rejeitando as idéias que julgarmos absurdas.

A Lei de Deus está escrita no coração de todas as pessoas em todas as religiões. O homem tem dentro de si o desejo de se realizar, não só materialmente, mas também espiritualmente. Deus fez o homem assim: religioso, procurando sempre o infinito, a eternidade.

A Maçonaria não trabalha para fazer as pessoas trocarem de religião – abandonarem as delas. Procura, isto sim, ajudar as religiões, por meio do diálogo, a valorizar e aperfeiçoar tudo o que elas têm de bom e verdadeiro e ajudá-las a abandonar algumas coisas supersticiosas e certos preceitos humanos que mais atrapalham do que ajudam o aperfeiçoamento.

Religião e Seita – Deve-se distinguir religião de seita, doutrina ou qualquer princípio similar. A Maçonaria pode ser uma religião no sentido estrito do vocábulo, isto é, harmonização da criatura com o Criador. É a religião Maior e Universal; O contato com a Parte Divina; é a comunhão com o Grande Arquiteto do Universo. É o culto diante do Altar dentro da Loja ou no Templo Interior de cada maçom.

O religar (tornar a ligar) é ato que ocorre dentro da Cadeia de União, ligando os elos que se encontravam dispersos; a Cadeia de União é um ato religioso. A religião visa ao retorno a Deus daquele que o “abandonou”, em um regresso aos preceitos contidos no Livro Sagrado de sua Fé.

Denominam-se religiões as filosofias – há milhares delas – que conduzem o ser humano às Igrejas, movidas pelo temor de um castigo divino ou pela esperança de um prêmio após a morte.

Todo ato de unir Deus à criatura pode se considerar religião, independente da nomenclatura.

O maçom deve ser religioso nas suas atitudes, pois não é criatura de viver isolado e só;, o maçom será religioso quando praticar o bem e considerar o próximo como irmão.

Um grupo religioso só vira seita quando começar a se fechar dentro de si mesmo e os seus membros começarem a achar que só eles vão para o céu, que o mundo e as pessoas não prestam, são todas pecadoras, só eles conhecem a verdade. Dizemos que o membro de uma seita nem é religioso e que uma seita nem é religião. Senão vejamos:

- Ser religioso é viver com convicção e firmeza os princípios e verdades contidos em sua própria religião, respeitando, compreendendo, admirando as pessoas de outras religiões e, até, aprendendo coisas que complete ou torne mais claras as verdades de sua religião. Ser sectário é ser fanático, agarrar-se a meia dúzia de idéias, desrespeitar a todos e desprezar quem não é do seu grupo.

- Ser religioso é ter amor para com todos, expondo suas verdades sem impor. Ser sectário é impor sem amor suas convicções. O religioso fala pouco, é sereno e tranquilo. O sectário fala demais, é irritado e insistente.

O Ser Supremo – Não existe um Deus maçônico. O Deus do Maçom é o próprio Deus da religião por ele professada. Os maçons têm um respeito mútuo pelo Ser Supremo, enquanto Ele segue sendo Supremo em suas respectivas religiões. Não é missão da Maçonaria tratar de unir credos religiosos diferentes; não existe, portanto, um Deus maçônico único.

Fé – Em Teologia, a Fé é a expressão da crença como ato lógico e fundamental da razão humana. É a primeira das virtudes teologais, aquela pela qual cremos em todas as verdades que Deus revelou que a Igreja propôs à crença, e que são contidas na Escritura Sagrada ou ensinadas pela Tradição. De uma maneira geral, pode-se definir a fé como uma convicção fundada não sobre a evidência ou sobre o raciocínio, mas sobre o testemunho. Assim entendida, a fé é, mesmo na ordem natural, a fonte do maior número dos nossos conhecimentos. A fé religiosa transfere os fenômenos do mundo natural ao sobrenatural, sendo, portanto a principal oponente do racionalismo. E Ragon diz que, segundo os teólogos: “... a fé seria a virtude de crer firmemente em coisas que nem sempre estão de acordo com a Natureza nem com a razão. Pelo visto ignoravam que crer é o oposto de saber e que o homem crédulo é um miserável que tem por hábito depender de quem não sente compaixão pelos seres indefesos. A incredulidade de São Tomé de que fala a Escritura, não é mais que a metáfora com que se nos quer advertir que a fé não deve ser cega. E que conduz à verdade, seja iluminada pela sã razão e se apóie na convicção da consciência”.

Os ensinamentos morais da Maçonaria estão abertos aos homens de qualquer fé religiosa.

Dissensões – Reforma - revolução realizada dentro da cristandade, no século XVI, originada na Alemanha contra o papado e que, quebrando a unidade da Igreja Católica Romana, dela separou, de um lado, uma grande parte da Europa, e, do outro, contribuiu para o aparecimento dos protestantes. Sendo encabeçado por Martino Lutero, que foi mais feliz que seus antecessores em movimentos semelhantes; Albigenses, na França; Arnaldo da Brescia, na Itália; Wiclef, na Inglaterra; e João Huss, na Boêmia. O clero foi privado de seus ricos benefícios.

A extinção dos mosteiros foi um dos motivos preponderantes para a decadência da Maçonaria Operativa, fazendo-lhe perder os seus melhores clientes.  A introdução, na Inglaterra, do estilo Renascença acabou de arruinar as Lojas de Talhadores de Pedra, transformando, em consequência, a Maçonaria Operativa numa Instituição moral e filosófica, a Maçonaria Especulativa.

Martino Lutero (1483-1546), teólogo alemão foi pioneiro da “Reforma Protestante” na Europa. Ordenado padre em 1507. Desenvolveu a doutrina da justificação pela fé, desafiando a hierarquia da Igreja Católica ao colocar em discussão assuntos que diziam respeito ao papel do papado e do sacerdócio, e à necessidade de certos sacramentos e observâncias. Foi a venda de indulgências, recolhendo verbas para construir a Basílica de São Pedro em Roma, que provocou a revolta de Lutero. Se houvesse humildade para corrigir esse erro, não haveria protestantismo. Lutero não era contra a indulgência e sim contra a maneira como era comercializada. Indulgência significa misericórdia e perdão de Deus para com seus filhos.

Calvino (João) (1509-64) teólogo francês, figura chave da segunda geração dos reformistas protestantes. Sua obra Christianae Religionis Institutio (1536) era uma lúcida exposição da teologia reformista, minimizando a liberdade do arbítrio humano. Esta foi seguida  da Ecclesíastica Ordinances (1541), obra em que ele apresentava uma forma de governo da Igreja que se tornou subsequentemente o modelo para os presbiterianos. A doutrina calvinista de predestinação (Deus preordenando tudo o que viria a acontecer) e a autêntica oposição à autoridade ímpia estimulou os protestantes que sofriam nas mãos dos legisladores insensíveis. Protestantes são, pois os membros das Igrejas que vieram da Reforma de Lutero e Calvino.

Protestante é o presbiteriano, o luterano, o metodista. Esse pessoal é estudioso, respeita as demais doutrinas. Eles preferem ser chamados de evangélicos, porque já não protestam contra nada. Apenas querem viver a simplicidade que o evangelho propõe.

Crente é aquele que pertence as chamadas Igrejas Livres. Livres porque não aceitam hierarquia, sacerdócio, sacramentos, liturgia e nem muita teologia. Preferem ficar só com a livre interpretação da Bíblia. Por isso estão sempre se dividindo e não têm aquela idéia de unidade forte que as Igrejas cristãs costumam ter. São os batistas, adventistas, pentecostais e outros pequenos grupos.

Espiritismo – Doutrina que tem por base a crença na existência de espíritos de mortos que se comunicam com os vivos por intermédio da mediunidade. Esta comunicação entre espíritos encarnados e desencarnados remonta à mais alta antiguidade. Porém, o movimento espírita moderno data somente do ano 1847, quando se produziram, na América do Norte, as manifestações mediúnicas das jovens Irmãs Fox. Naquela época, muitos fenômenos produziram-se espontaneamente, e uma filosofia foi esboçada, fundada sobre as comunicações dos espíritos. O movimento ganhou rapidamente a Europa, assumindo em certos países aspecto religioso e em outros apenas científicos.

Espiritualismo – Conjunto de sistemas filosóficos, sociológicos, estéticos, etc., que reconhecem no mundo alguma coisa mais do que a matéria. Em regra geral, o espiritualismo é um sistema filosófico

oposto ao materialismo e que admite o princípio da alma ou do espírito humano como base e ponto de partida das suas afirmações doutrinárias.

A Maçonaria por se enquadrar nessa definição, através da maioria esmagadora de seus Ritos e de seus estatutos e regulamentos, é considerada uma instituição espiritualista (termo que não pode ser confundido com espírita, assim como o Espiritualismo não deve ser confundido com Espiritismo, já que a Maçonaria aceita todas as religiões que também pregam o espiritualismo).

A espiritualidade maçônica é universal e surge da crença no Ser Supremo, entende como divindade que cada Maçom concebe conforme sua própria convicção.

A Maçonaria admite a existência do Oriente Eterno, destino dos maçons mortos, com a finalidade de reunirem-se em Lojas idênticas às da Terra. O grande número de maçons falecidos forma uma grei denominada Fraternidade Universal Branca, pelo motivo da Maçonaria não ser uma religião, essa  Fraternidade não seria uma Corte Celestial e não haveria uma direção divina, mas simplesmente uma influência “mental “, considerando que a mente nunca morre.

Materialismo – Sistema dos que entendem que tudo é matéria e que não há substância material; doutrina filosófica que nega a existência da alma e de Deus, e só admite a da matéria. O materialismo é a doutrina para a qual a matéria é a única realidade última. Na psicologia, o materialismo caracteriza-se pela oposição que afirma que todos os fatos psíquicos são de origem fisiológica ou de origem biológica, ou apenas físico-química.

Ateísmo - Doutrina oposta à da Maçonaria porque, ao negar a existência de Deus ou de todo Ser Supremo, nega também todas as verdades e ensinamentos desta Ordem.

Isto posto, de modo algum, pode um ateu iniciar-se nos mistérios maçônicos ou permanecer na atividade das Lojas, porque, no primeiro caso, vai ser forçado a mentir para poder receber a luz, e, no segundo, é um hipócrita que não merece confiança alguma nem dos Maçons nem dos profanos.

Do exposto, porém, não se infere a preferência por esse ou aquele credo religioso, pois a crença em Deus abrange todas as religiões pouco importando a forma de ligação entre o crente e a divindade, todas toleráveis e aceitas desde que não ofendam a moral social.

Fanatismo – O adepto de uma religião, doutrina, seita ou mesmo da Maçonaria que se excede nas suas obrigações, que exagera na sua condição de dedicação à causa, de forma cega e intransigente, será considerado fanático. Quando a pessoa é fanática fica cega também. Só ela é iluminada por Deus, só ela sabe a verdade. Só ela sabe pensar direito. Todos os outros pensadores do passado e do presente estão errados.

A Santa Inquisição era um Tribunal da Igreja, processava, julgava, condenava ou absolvia todos os acusados de alguma heresia. Esse Tribunal foi estabelecido pelo papa Gregório IX em 1231. As chamas da fogueira, diziam, queimando o corpo purificariam a alma e, quem sabe, seria salva pela misericórdia de Deus.

Mas a própria Inquisição, palavra que significa interrogatório, transformou-se  num  violento  fanatismo, principalmente na Espanha. Viam

hereges e bruxas por todos os lados, e muitos inocentes pagavam pelos culpados. Bastava alguém ser acusado, às vezes por vingança ou inveja, para ser condenado, como aconteceu com Joana Darc, que mais tarde foi canonizada.

A Maçonaria, assim, combate o fanatismo por considerá-lo nocivo e entrave ao raciocínio, pois este anula e destrói a união e o amor entre as pessoas.

Dedução – Deus não quer acabar com as religiões e sim fazer com que elas progridam, evoluam, se aperfeiçoem. A Lei do Criador é o amor que supera toda lei religiosa. E Deus é amor.

As religiões, sejam ou não cristãs, são tanto mais sectárias, com mais jeito de seitas, quanto mais preceitos humanos tiverem. Percebemos com a prática quando uma regra é pura invenção humana ou quando vem da revelação de Deus, seja nesta ou naquela religião.

Devemos aprender a viver em comunidade e aceitar as pessoas como elas são, com seus defeitos e qualidades, procurando nos dar bem com todo mundo. Esta religião consiste em serem seus adeptos homens honrados, probos, bons e sinceros, quaisquer que sejam as denominações ou crenças que as possam distinguir; motivo pelo qual a Maçonaria há de se tornar o Centro da União e o meio de conciliar por uma amizade sincera, pessoas que teriam perpetuamente, permanecido separadas.

T.'.F.'.A.'.

João Luis Coyado Reverte.'. M.'.M.'.